30 setembro 2004

Hoje (ainda) apetece chorar...

Sinto-me feliz... mas hoje ainda relembro a dor dos momentos difíceis!
Apetece reflectir intensamente... porque é tão bom sentir que as coisas estão bem agora; devia-nos fazer sorrir... mas não esquecemos por ora os dias ridículos, as noites perdidas, os caminhos sem sentido, as viagens que ingloriamente invadiram tanto do nosso tempo; tal faz-nos chorar, ainda que de alegria nesta altura.
Aquele abraço foi vida, aquele beijo foi plenitude, aquele olhar foi compreensão... como se tudo não importasse agora, tudo aquilo que passa ao lado da nossa complementaridade, da nossa amizade, da nossa paixão, do nosso amor...
Oxalá ficasse assim para sempre, oxalá o tempo nos permita encontrar o significado de viver... mas se assim não for não desesperes, porque está bom agora, porque isto já nada nem ninguém nos rouba, porque tudo vale este momento, e por isso de que nos podemos queixar?!
Desejamos sempre isto... Contingencial porém!!!
Mas hoje... ainda apetece chorar!



21 setembro 2004

Uma pessoa nunca é a ideal...

Pessoa ideal?! O que é isso afinal??

Todos procuramos com insistência
Esse alguém que preencha a diferença
Todavia de que vale a essência
Se a prática não é mais que uma crença...

Viver o sonho e confundir o real
Julgar que um dia tudo pode mudar
Virar a esquina e vasculhar no jornal
Aliviar num cenário junto ao mar...

Viver a vida a pensar no futuro
Não entender que o amanhã já só mente
Pois só o momento nos é oferecido
E por isso lhe chamamos presente...

Insistir por medo ou desconforto
Afligir, agitar, sem sequer necessitar
Ver a vida como um circo de perdas
Não reflectir no quão efémero é amar...

Pessoa ideal?? Sempre foste, ou nunca és!
Procura-se todavia nas multidões...


Carlos Filipe



20 setembro 2004

Vivem em nós inúmeros

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os.
Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.

"Ricardo Reis" - Fernando Pessoa



O que somos nós na vida afinal?
Antes, o que vamos sendo??
Ora agindo por valores, ora inclinando para a conformidade...
Onde começa e acaba a nossa natureza?!
Seguimos interpretando... num cenário do dia-a-dia.


15 setembro 2004

Ciúme não é exclusivo do amor...

Espanta-me quem defende a velha máxima de que amor implica ciúme, e que quanto maior o último for maior será a disponibilidade de uma qualquer alma para amar ...
Mas... não estaremos nós a falar de coisas que podem ser radicalmente diferentes?! Divagações sobre o amor existem aos pontapés, habitualmente voltadas para a decepção e sofrimento é verdade! E o ciúme? Não terá este a cruel capacidade para destruir qualquer oportunidade para amar??
Ao abordarmos o ciúme (e quanto mais doentio e disfuncional ele for pior...) estamos quase obrigados a falar em possessão... e que tem isto a ver com amor? Sim, porque não poderei eu mesmo não sentir ciúme por quem tanto amo e, por outro lado, ter um ciúme irracional por alguém que nunca amei e até pouco gosto...? É possessão!!! Que tem a ver com amor? Terá mais conexão com pânico de perda, baixa auto-estima, incompreensão de liberdade e mesmo medo da solidão... Mas por favor, não me digam que para amar é preciso sentir ciúme a cada instante.. porque senão julgo que nunca mais serei capaz de amar... e isso eu nem quero acreditar!!!





06 setembro 2004

You (even) could be, but you aren't

Unitended

You could be my unintended
Choice to live my life extended
You could be the one I'll always love
You could be the one who listens to my deepest inquisitions
You could be the one I'll always love.

I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces of the life I had before.

First there was the one who challenged
All my dreams and all my balance
She could never be as good as you.

You could be my unintended
Choice to live my life extended
You should be the one I'll always love.

I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces of the life I had before.

I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces of the life I had before.
Before you...




Isto é bonito... isto é real!


01 setembro 2004

Together alone

A espera... como é importante sermos capazes de a encarar de modo positivo, como importa recebê-la e entendê-la como um factor de crescimento e maturação, e não tanto como desespero ou até mal necessário! E será atrevimento acreditar que a espera quase sempre vale a pena?! Será treta? Será fantasia? Apesar de tudo é bom acreditar que não.
Já os antigos argumentavam: depois da tempestade vem a bonança! Mas a verdade é que as tempestades sucedem-se e a acalmia, essa, já só se encontra junto às ondas, junto à praia, junto ao mar!
É engraçado, tem mesmo a sua piada: quando não envolvidos buscamos incessantemente o envolvimento que, numa primeira fase, até se revela acolhedor, entusiasmante e prometedor; todavia, à posteriori não raro é observar como se torna rídiculo, falso e inconstante! Assim, quando envolvidos tendemos ao desejo de recuar para o estado de origem e aí chegados, por inevitabilidade, recomeça um novo ciclo que se figura, quase sempre, tão semelhante ao anterior...
Depois da tempestade vem a bonança... ou será mesmo o inverso?! Se calhar melhor dissertar: "Algures e em tempo indeterminado, depois de uma (derradeira) tempestade chegará a tão ansiada e merecida bonança, que se espera virmos a saber cuidar dela, para nossa própria salvação!"
A procura pela bonança é destinada ao fracasso porém... existirão indicadores em conformidade com ela, mas tudo é tão relativo como o próprio tempo! Por isso a habilidade para a espera é um atributo claramente necessário, porque tudo a seu timing terá o seu culminar... basta acreditar e ter esperança! Basta viver e ir saboreando as tempestades... porque nem tudo tem que ser necessariamente mau!