Tempo envolvido
Até podia ter acontecido... mas no fundo sabia que não seria capaz, preferia nem pensar nisso sequer, não pensar para não sofrer! Na rotina que me habituara a viver os desejos eram sempre os mesmos, as emoções sempre as mesmas e o futuro parecia ser já uma pré-determinação. O amanhã já chegara!
De noite para noite a expectativa do difícil transformava-se no impossível, no não concretizável, fruto das incertezas da mente, de uma fragilidade incapacitante... mera inconsistência!
Um morder de lábios, cada beijo enfatizado de importância, aquele sorriso puro e bonito como o reflexo do sol ao recolher...mas sabia: o sol voltava certamente enquanto tu desaparecerias um dia, sem deixar destino.
A vida, por vezes, faz-nos questão de mostrar aquilo que sabemos estar escondido em nós... no calor das emoções senti-mo-nos capazes de tudo, nem sequer percebemos que algumas vezes não temos condições para partilhar a felicidade!
O lanço de escadas que gerou esperança, o local onde prometemos ser os mais felizes, a construção de sonhos que tanto demorou e que, de repente, se desmoronou! Será que devemos nós fazer juras perante o desconhecido?! Sonhar algures na vida é bom, mas viver a vida a sonhar não será arriscar demais?! De que serve tudo aquilo que vai além do momento?! Que garantias recolhemos... senão aquelas que emergem do que desfrutamos agora, neste segundo, e que já ninguém nos é capaz de roubar... por incongruência!
Mas não, nunca se deve amar demais, independente do que isso possa significar. Se o hoje fosse como queria ontem, estaria ainda apaixonado talvez, mas saberia que às vezes não é a quantidade de amor que importa numa relação, mas sim a sua gestão! Podia ter sido assim, falsa mentira porém.
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