19 agosto 2004

O silêncio da omnipresença

Aquela visão que não consigo encontrar em mais ninguém, aquela beleza real mas também (há anos) moldada aos sentidos... se te conheço?! melhor do que a mim próprio, orgulhosamente!! As visitas já menos frequentes, a dissipação lenta daquilo que era, o nevoeiro que se aproxima e aumenta o meu medo... ele aproxima-se devagar, fecha até mais nada restar; mas não me cerca, porque esse é o teu lugar e já não o meu! A ânsia em partir, a solidão que faz perceber como o destino pode trazer a felicidade a uma pessoa... e como também a pode magoar intensamente..., a esperança ridícula, a paisagem lenta do exterior, a procura incessante e interminável de uma razão nas multidões, o sofrimento da tua ausência, a incógnita de um futuro já de si deveras estranho...
As palavras que se dizem, as promessas que tantas vezes se fazem, e que não são mais do que absurdos, que não compreendemos em tempo útil! Ignorar o destino é estúpido, mas até os estúpidos têm sentimentos, e constituem em seu torno a coisa "mais importante" de suas vidas!
Os sinais que invadem nossa experiência são muitas vezes avisos desprezados, relativizados, ignorados até ao dia fatal, até ao momento em que... passam a ser o motivo único para não se temer o futuro! E o sonho morrerá?! Não, esse é imortal, mas nada mais será do que um simples alívio...
A vida passa, as emoções já não são, depois de tudo, percepcionadas como reais; a dúvida apodera-se da realidade, o sentido da existência é posto em causa... até apareceres, e eu compreender, finalmente!! Mas, onde estás?? Surge, vem anular este sentimento de culpa e acabar com este silêncio da omnipresença...